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MONTE ALEGRE, PARÁ: O QUE VER E FAZER

Por: Jussara Kishi

É difícil falar sobre seu próprio lugar de origem sem ser tendencioso, mas considerando que 1. o turismo em Monte Alegre ainda não se desenvolveu à altura do seu potencial e 2. é muito difícil encontrar guias sobre Monte Alegre na internet, resolvi dar minha contribuição. Para isso, fiz este pequeno guia sobre a cidade. Bem-vindo à terra pinta-cuia!

Monte Alegre está localizada no Oeste do Pará, mais ou menos no ponto intermediário entre Belém e Manaus, as duas metrópoles da Amazônia brasileira. A forma mais fácil de se chegar é partindo do município de Santarém via lancha, uma viagem de cerca de 3h de duração.
Ao desembracar, você saberá, de cara, por que não existem muitos ciclistas na cidade... pela infinidade de sobe-e-desce devido à formação geológica da região, que é coberta de serras. E é nas serras que está o ponto alto (olha que trocadilho besta)!, a graça de conhecer Monte Alegre.

Antes de continuar o post, dá o play nesse vídeo que eu fiz na minha última viagem, em abril deste ano. Tiramos dois dias para ir aos sítios arqueológicos do Parque Estadual e às cachoeiras da Serra do Itauajuri. O vídeo mostra um pouco da vibe desses passeios pra quem também tem espírito aventureiro e curte turismo ecológico

Jussara Kishi
Parque Estadual Monte Alegre
Essa unidade de conservação integral, cerca de 40 Km distante do centro da cidade, abriga um conjunto de sítios arqueológicos com centenas de pinturas rupestres, em meio a uma área de serrado. A novidade é que agora a entrada está sendo mais controlada, o que é bom para a preservação do local. Para entrar, os visitantes precisam antes pedir uma autorização, que é gratuita e sem burocracia, na Secretaria Municipal de Meio Ambiente, informando a data da visita. A Secretaria recomenda não fazer a visita em número grande de pessoas para não comprometer a área, mas não estipula um limite, portanto, essa é uma questão de bom senso.
Estive lá novamente mês passado com meu irmão, minha cunhada e alguns amigos. Nossa primeira parada foi a Serra da Lua. Essa serra possui um paredão de pinturas nas cores amarela e vermelha, que são as mais conhecidas. Se você escrever no Google Imagens "Monte Alegre Pará", o paredão vai ser uma das primeiras imagens a pipocar na tela. Lá de cima, temos uma vista muito bonita das serras em volta.

Serra do Itauajuri
Ponto de maior altitude de Monte Alegre, a Serra do Itauajuri atinge quase 400 metros. A serra está localizada a 14 Km da cidade, com acesso pela PA-423. A estrada não é asfaltada, mas se o veículo aguentar alguns buracos, você chega lá tranquilo. Guardo muitas lembranças preciosas desse lugar, que eu descobri que é o meu favorito na cidade inteira!
juaquieali blogspot
Até bem recentemente era difícil encontrar informações técnicas sobre a Serra do Itauajuri, mas uma equipe da Secretaria Estadual de Meio Ambiente, com apoio da Prefeitura, realizou uma expedição de reconhecimento da área, com a proposta de transformá-la em um Parque Natural Municipal, uma unidade de proteção integral. 

Existem duas formas de se curtir a Serra do Itauajuri: subir/escalar pela parte mais seca até o topo ou seguir o curso da água, entre cachoeiras e piscinas naturais. Em ambos os casos dá para chegar até o topo em algumas horas.
A subida pela parte mais seca é bem mais íngreme e exige bastante esforço físico. No caminho você encontra cachoeira, igarapés e uma gruta, mas é essencial estar acompanhado de alguém que conheça a área porque é muito fácil se perder (já aconteceu comigo). É bem legal fazer essa aventura em grupo e acampar nos campos naturais, lá no topo, por uma noite.

Já a subida pelo caminho da água é menos íngreme, porém escorregadia em vários trechos, e também leva mais tempo. Sim, você vai pegar uma quedinha em algum momento... não tente escapar! Nesse percurso, ora você anda com os pés enfiados na água, ora com as pernas inteiras, ora na terra ou na lama. Mas as piscinas naturais e as cachoeiras geladinhas e de água cristalina que você encontra fazem valer qualquer coisa! Uma das cachoeiras tem até um escorrega-bunda natural de pedra, onde muita gente já rasgou uns bons pares de calças e shorts...

Outras informações sobre cidade:
Como chegar à cidade: A Viação Tapajós (93 9131-3495) tem lanchas diárias - Stm-Mta com saída às 16h/ Mta-Stm com saída às 5h40 (aos domingos sai às 10h). Também é possível chegar de barco (6h na ida e 8h na volta, pois a duração depende do curso do Rio Amazonas) ou de carro, com uma travessia obrigatória de balsa antes.
tcnnews.com.br
Comer/beber: O restaurante do Seu Itamar, na Comunidade de Pariçó, serve uma comida deliciosa com sabor caseiro, de frente para o Rio Gurupatuba. Não deixe de pedir o bolinho de piracuí de entrada e depois a galinha caipira. / O RestauranteDona Marita serve pratos requintados com ingredientes regionais, especialmente peixes, tudo muito no capricho. / Para experimentar o prato mais tradicional do montelegrense, o acari assado na brasa com farinha de mandioca, vá ao Acarizão. / Para tomar cerveja/drinks e comer petiscos, o Sabor do Paulo e o Bar do Mirante estão bem localizados, na Praça da Matriz.  

Quando ir: Para pegar as cachoeiras, vá de fevereiro a julho. Para as festividades de São Francisco de Assis, vá no final de setembro e início de outubro (a principal noite é a do dia 4/10).

Hospedagem: Acredito que o Hotel Panorama (93 3533-1716) é o mais tradicional da cidade. Lá também funciona um ótimo restaurante, cuja especialidade é peixe.
Curiosidades:
- Na década de 1990, Monte Alegre viveu uma polêmica, quando pesquisadores acusaram níveis elevados de radiação por urânio na cidade, o que, supostamente, estaria causando maior número de casos de câncer. Anos depois, a Comissão Nacional de Energia Nuclear contestou esse estudo e acalmou a população e as autoridades.
- Existe em Mta uma fonte termal de águas sulfurosas, águas naturalmente quentes e com forte cheiro característico (enxofre) que, pelo que sei, possuem propriedades medicinais, sendo usadas, principalmente, para combater problemas de pele. Já foi uma grande atração turística, conhecida apenas como "Sulfurosa", mas há anos foi deixada de lado. Uma pena...
- A Serra do Itauajuri inspirou o nome de um dos meus irmãos, que se chama Itajury (o outro se chama Itajacy, que também é um nome indígena, assim como o meu). 

Fontes consultadas: Secretaria de Estado de Meio Ambiente do Pará/ IBGE/ Jornal da Ciência (SBPC)




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